Fonte: Disney Movies
Se você acha que histórias como "Alice no País das Maravilhas" e "O Pequeno Príncipe" foram feitas para crianças, está muito enganado. É claro que não há problema se os pequeninos tornaram-se público-alvo desses conteúdos, mas estes foram produzidos - de modo mascarado e metafórico - para os adultos, que, querendo ou não, já foram crianças um dia. O mesmo se aplica à esta história que, sob uma perspectiva dramática, ganhou, recentemente, uma versão cinematográfica.
Acredito que todos assistiam aos desenhos do Ursinho Pooh durante a infância. Confesso que eu queria ser o Christopher - sempre achei encantadora qualquer história que o personagem entrava em um mundo que, na verdade, era ele mesmo.
Todavia, nesta versão da história, senti o pesar da vida adulta e da perda da singularidade de ser um menino. Christopher já não é mais aquele jovem garoto que adorava embarcar em aventuras ao lado de Ursinho Pooh, Ió, Tigrão, Leitão, Coelho e todos os outros incríveis animais no Bosque dos 100 Acres. O filme se passa 30 anos após esta fase. Christopher se tornou um adulto amargurado, por vezes egoísta e cego pelas próprias obrigações; perdeu o brilho no olhar. Sendo ele marido e pai, o principal mantedor da casa, passa mais tempo na empresa que com a família e gasta suas energias com trabalho e desculpas para sua filha.
Pooh não se aguentava mais de tanta saudade de seu amigo que seguiu os passos que ele fez ao ir embora e entrou no "mundo real". Tantas coisas mudaram, corações endurecidos; mas com o decorrer da história, o sangue parece voltar a aquecer e a magia do amor, da amizade e da frutífera imaginação, reinam.
"De um modo geral, é um ótimo filme. Os personagens meio que assustam um pouco, mas o olhar de cada um continua encantador como sempre foram. A história nos prende, nos cativa e tem um forte impacto, é bem aquelas que deixa uma reflexão, sabe? Será que o que eu estou fazendo hoje, vale mesmo a pena? Será que estou distribuindo bem o meu tempo e curtindo como deveria fazer? Aparentemente é um filme infantil, mas, na realidade, é muito mais para adultos que precisam voltar a serem crianças." (Isabelly Silva)
"Amo histórias que pareçam infantis e destinadas às crianças, mas que guardam, por trás, uma crítica ao comportamento humano. Muitas pessoas não percebem que, assim como em "O Pequeno Príncipe", os personagens são delicadamente impressões das distantes lembranças de um homem adulto, que substituiu o exercício da imaginação por documentos importantes em um escritório. Destaco uma cena que resume este raciocínio perfeitamente: quando Christopher não alimenta sua imaginação como quando era criança, o tempo no universo de Pooh e seus amigos fica tempestuoso e obscuro. Todavia, quando ele torna a imaginar como antes, o tempo fica ensolarado e feliz". (Enrique Drê)